sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A vida é feita para estarmos juntos!



Você acha que o medo deixa as pessoas mais egoístas? Com essa pergunta o filme Estamos Juntos começa o desenrolar de sua narrativa. Carmen (Leandra Leal ) é uma médica que larga a cidadezinha onde nasceu e busca se encontrar em São Paulo. Um pouco tímida e um tanto quanto reclusa em seu apartamento, tem em seu amigo gay, Murilo, (Cauã Reymond) a combinação perfeita para impulsioná-la nesse desejo de explorar mais o mundo e a companhia das pessoas. A relação dos dois fica estremecida quando o músico argentino Juan (Nazareno Casero) pede abrigo na casa de seu melhor amigo. Mesmo sabendo  que o argentino é heterossexual, o Dj interpretado por Cauã Reymond apaixona-se pelo rapaz e nutre esperanças de conquistá-lo. Mas Carmen entrará nessa história reduzindo as chances desse plano dar certo. Como assim dar certo? Estamos falando de um gay que deseja mudar a opção sexual de um hetero? O filme constantemente falará sobre a negação do real e a criação do imaginário. Então, qual seria o julgamento racional pertinente?

O argentino, interpretado por Nazareno Casero, é um músico conquistador, sedutor e cheio de palavras, propostas e atitudes ousadas e obscenas. O violinista só propõe uma coisa: sexo bom! Noites intensas de prazer no lugar de uma vidinha mais ou menos. O relacionamento dos dois fará com que Carmen perca seu único amigo. Valerá à pena? Assistindo ao filme veremos que essa não é a questão mais importante.

Carmen também vive uma estranha relação com um homem (Lee Taylor) "imaginariamente real" que povoa todos os momentos de sua vida. Ela chega em casa e lá está ele pronto para massageá-la; ela está triste, ele ouve tudo.Ele existe? Tem nome? Não estragaria essa dúvida. Afinal, como já disse, o filme fala de nossas expectativas diante da vida, sejam elas reais ou imaginárias. E nem sempre achamos explicações sobre o que realmente prevalece: o real ou o imaginário.
O filme tem uma narrativa lenta, calma, como muitas vezes é a vida. Mesmo que tenhamos mudado a direção das velas em busca de tormenta, às vezes, só encontramos a calmaria. Não basta mudar de cidade, de profissão, de nome para a vida ganhar outra cor. Os tais caprichos da existência nos fazem caminhar para onde não esperamos. Onde está o problema? Na vida, em nós mesmos ou na forma de enxergar a vida? Carmen também provará um pouco de tudo isso.

Para terminar, não deixaria de refletir e filosofar sobre a grande pergunta do filme:  O medo deixa as pessoas mais egoístas? O medo e o egoísmo ,presentes na pergunta, não estão relacionados ao fato de não compartilharmos coisas com outras pessoas. O grande egoísmo que podemos produzir é aquele que priva outras pessoas de nossa companhia e, claro, nos afasta de todos. Carmen é uma jovem residente, bonita, inteligente e solitária. No decorrer do filme, ela se pergunta: Mas onde estão os amigos? Não fiz nenhum amigo nessa vida? As respostas aparecerão com o tempo. Às vezes o egoísmo nos afasta das pessoas e Carmen saberá encontrar suas respostas.

Texto e a pura Filosofia da vida + o gostar de Alberto Caeiro: Luciana Rodrigues

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